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Fonte:PÚBLICO
Por Ricardo Garcia
O mapa energético mundial vai alterar-se radicalmente nas próximas duas
décadas, com os Estados Unidos a tornarem-se no maior produtor global de petróleo,
segundo a mais recente avaliação da Agência Internacional de Energia.
No seu relatório World Energy Outlook 2012, a agência prevê ainda que os
combustíveis fósseis vão continuar a ser a principal fonte de energia no mundo
e que a Terra encaminha-se assim para um aumento de 3,6 graus Celsius na sua
temperatura média a longo prazo.
A principal transformação salientada pela Agência Internacional de
Energia (AIE) vem do desenvolvimento extraordinário da exploração de
hidrocarbonetos não-convencionais na América do Norte – como o gás e o petróleo
extraídos de formações rochosas pouco porosas (o “shale gas” e o “tight oil”)
nos Estados Unidos, ou as areias betuminosas no Canadá.
O aumento do ritmo de extracção destes combustíveis tem sido
classificado como a “revolução não-convencional”, com os preços a baixarem
substancialmente, sobretudo o do gás, e uma reviravolta completa nas
perspectivas de exploração de combustíveis fósseis sobretudo nos Estados
Unidos. Até há alguns anos, a produção de petróleo no país estava a cair, fruto
do esgotamento das reservas convencionais. Agora, as novas reservas já são
responsáveis por 3,2 milhões de barris de petróleo por dia.
O relatório prevê que já em meados dos anos 2020, os Estados Unidos
ultrapassarão a Arábia Saudita e a Rússia, tornando-se no maior produtor
mundial de petróleo – um cenário até então improvável.
A subida na produção de petróleo nos EUA desde 2008 tem coincidido com
uma tendência de queda no consumo. Por volta de 2030, o país deverá ser já um
exportador bruto de petróleo. Antes disso, tornar-se-á exportador de gás
natural a partir de 2020. Com tudo isto, os EUA serão, dentro de duas décadas,
quase auto-suficientes em energia, enquanto hoje importam 20% dos seus recursos energéticos.
“A América do Norte está à frente de uma vasta transformação na produção
de petróleo e de gás, que afectará todas as regiões do mundo”, afirma Maria van
der Hoeven, directora executiva da AIE, num comunicado. Uma das consequências
será a alteração nos fluxos de comércio de petróleo, com 90% das exportações do
Médio Oriente desviadas para a Ásia até 2035.
As necessidades energéticas do mundo vão aumentar em um terço, em relação
às actuais, com a maior parte desta subida (60%) concentrada na China, Índia e
Médio Oriente. Nos cenários da AIE, os combustíveis fósseis têm tudo para se
manter à frente do bolo energético global, especialmente devido aos subsídios
de que beneficia. Em 2011, atingiram cerca de 411 mil milhões de euros – seis
veze mais do que os subsídios às renováveis, que somaram 69 mil milhões de
euros.
Ainda assim, as renováveis deverão chegar à segunda posição na produção
eléctrica até 2015, subindo a sua fatia de 20% para 31% da electricidade
consumida. O carvão permanecerá em primeiro lugar pelo menos até 2035, com um
aumento esperado de 21% no consumo, especialmente na Índia e na China. Mas
responderá por apenas 33% da electricidade produzida no mundo, contra 41% em
2010.
Já as perspectivas do nuclear foram revistas em baixa, na sequência do
acidente na central de Fukushima, no Japão, em 2011. Apesar de se prever um
aumento de 58% na produção, as centrais nucleares responderão por 12% da
electricidade mundial em 2035, contra 13% agora.
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