Fonte: Lusa
Luís Fazenda do BE |
O líder parlamentar do BE, Luís Fazenda, defendeu hoje que o regime
angolano, "quando começa a ser dono de parte de Portugal", sente
"dificuldades" ao perceber que "ainda funciona o Estado de
direito em Portugal".
"Aquilo que o regime angolano está a sentir
dificuldades, quando começam a ser dono de parte de Portugal, é que ainda
funciona, mal ou bem, o Estado de direito em Portugal.
Quando veem algumas das
principais figuras investigadas por parte do Ministério Público sentem-se mal. É
claro, não são investigadas em Angola, isso faz toda a diferença", afirmou
Luís Fazenda.
O líder bloquista falava depois de questionado pelos
jornalistas, no Parlamento, sobre o editorial do jornal estatal Jornal de
Angola de segunda-feira, em que se afirma que a abertura de um inquérito-crime
sobre o envolvimento de altos dirigentes angolanos em crimes de branqueamento
de capitais "prejudica as relações entre Portugal e Angola".
"Nós mantemos a nossa perceção de que a
democracia é uma trincheira intransponível. O Estado de direito não é trocável
pela Sonangol, nem pelo clã Santos e por outros altos dignitários do regime
angolano", disse Luís Fazenda.
"Portanto, por muito que isso custe também a
alguns `partner business` em Lisboa, que são muito lusitanos, paciência. Há um
Estado de direito e é obrigado a investigar tudo aquilo que sejam ilegalidades
cometidas em Portugal", acrescentou.
O líder bloquista sublinhou que o BE tem vindo a
"defender que haja legislação acerca da propriedade de órgãos de comunicação
social".
"Já percebemos que há uma enorme apetência por
parte de capitais angolanos, muito próximos do regime angolano, em relação a órgãos
de comunicação social em Portugal e nós queremos que tudo fique claro",
disse.
A abertura de um inquérito-crime sobre o envolvimento
de altos dirigentes angolanos em crimes de branqueamento de capitais
"prejudica as relações entre Portugal e Angola, escreveu na segunda-feira
em editorial o estatal `Jornal de Angola`.
Em causa está a abertura de uma investigação do Ministério
Público português a três altos dirigentes do regime angolano - Manuel Vicente,
vice-Presidente de Angola e ex-administrador da petrolífera Sonangol; o general
Hélder Vieira Dias, mais conhecido como "Kopelipa", ministro de
Estado e chefe da Casa Militar do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos;
e Leopoldino Nascimento, consultor do general "Kopelipa" - por
suspeitas de crimes económicos, mais concretamente indícios de fraude e
branqueamento de capitais.
A notícia da abertura do inquérito-crime foi avançada
pelo semanário `Expresso`.
Para o `Jornal de Angola` "as elites políticas
portuguesas odeiam Angola e são a inveja em figura de gente" e o editorial
considera que as referidas elites "vivem rodeadas de matilhas que atacam
cegamente os políticos angolanos democraticamente eleitos, com maiorias
qualificadas".
"Esse banditismo político tem banca em jornais
que são referência apenas por fazerem manchetes de notícias falsas ou
simplesmente inventadas. E Mário Soares, Pinto Balsemão, Belmiro de Azevedo e
outros amplificam o palavreado criminoso de um qualquer Rafael Marques,
herdeiro do estilo de Savimbi", lê-se ainda no editorial.
Rafael Marques é um ativista angolano cujas declarações
foram o pretexto para a abertura do inquérito-crime referenciado pelo `Jornal
de Angola` e testemunha no processo, confirmou o próprio no dia 11 de janeiro à
Lusa quando o caso se encontrava ainda na fase de averiguação preventiva.
O `Jornal de Angola` refere-se à procuradora-geral da
República de Portugal, Joana Marques Vidal, como fonte da notícia, que
classifica como "manchete insultuosa e difamatória", concluindo que
"militares angolanos com o estatuto de heróis nacionais e ministros
democraticamente eleitos foram igualmente vítimas da inveja e do ódio do
banditismo político que impera em Portugal".
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