UM TITULO DITADO PELA PROPAGANDA DIVERTIU/NOS RECENTEMENTE
Trata-se
do elogio feito à CNE pela CEAST. Citamos: “CEAST
/ Organização das eleições foi elogiada pelos bispos”. Fim de citação. Foi
uma das matérias com honra de primeira página na edição de terça-feira, 25 de
Setembro último, do ‘Jornal de Angola’, diário público e único do país.
O
corpo relatava a conferência de imprensa, dada na véspera, pelo coordenador
executivo do pequeno grupo de observadores, P. Belmiro Chissengueti. A rigor (e
longe de negarmos a margem de criatividade literária do jornalista e a
elasticidade da sua leitura), o texto do padre não conteve elogio. Conteve,
sim, constatações positivas e negativas bem como recomendações e conclusões.
A
conversão de uma constatação positiva em “elogio” entende-se pelo afã da ufania
- marca de uma opção editorial, tão conhecida quanto desgastada. O vício, na
reportagem pontual, chegou ao nível do saloio porquanto silenciou a observação
negativa sobre o desempenho do próprio jornal. Recordámo-la: “ O Jornal de Angola hostilizou em demasia os
Partidos de oposição, confundindo o serviço de informar e o serviço de
propaganda”, disseram, entre outros, os observadores mandatados pela CEAST.
O que
custava e custa a reprodução fiel da observação globalmente equilibrada dos
homens da Igreja, convidados, no caso de espécie, pela CNE? Nem a autoria de
tal convite, aliás, alienou a isençao de tais observadores na realização da sua
missão. Não se coibiram de assinalar as boas e más coisas que constataram.
Tem
sido o direito de assumir esta postura, de resto legal, o similar reivindicado
pelo sindicato dos jornalistas. O sindicato vincou-o na altura certa do
processo, tendo causado expectativa sobre o prometido relatório final, que se
espera eivado da mesma equidistância. O profissionalismo acima de tudo e não a
propaganda! Sintomaticamente, aliás, este voto atravessa os relatórios de todos
os observadores do pleito recente, com a agravante de uma repetição da mesma
falha. Em larga medida, desta vez, a mancha contribui para a elevada taxa de
abstenção e dose de discrédito do recente processo, empalidecendo os seus nítidos
vencedores.
Assim
sendo, deixar florir o profissionalismo na mídia afigura-se uma premente exigência
da nornalidade institucional.
Ainda
bem que chegou um novo Ministro da Comunicação Social, na pessoa de José Luís
de Matos. Veterano ininterrupto do pelouro, ele transpira a qualidade de pacata
figura equilibrada e ordeira. Tais virtudes podem ajudar a incentivar a
reforma, adiada por antecessores, também de ricos percursos que suscitaram
esperanças, afinal desiludidas. A profissão precisa de ser resgatada, a partir
do seu estatuto, encalhado no famoso pacote de ajuste à nova Constituição.
Precisa com urgência do respectivo sustento orgánico, que constitui a Comissão
da Carteira e Ética, a ferramenta para peneirar o jóio e o trigo, na dignificação
do ofício.
Finalizando,
realçamos a observação da CEAST que constatou a vitória do MPLA, não vacilando
em deixar o seguinte recado ao seu executivo: «Que ajude na democratização dos órgãos de comunicação social públicos a
fim de que estejam continuamente ao serviço da nação, defendendo o pluralismo
político, a paz, a reconciliação e a unidade nacional.»
(Uma
coprodução de Siona Casimiro e P. Maurício Camuto. Apresentação de Tomás de
Melo no programa ‘Visão Jornalística’
da Rádio Ecclesia, na quinta-feira 04 de Outubro de 2012)
Fonte>APOSTOLADO
Programa> VISAO JORNALISTICA
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