21/06/13

INTEGRA DA COMUNICAÇÃO NA AUDIÊNCIA COLECTIVA COM EDUARDO DOS SANTOS

SECRETÁRIO GERAL DA JPA   



Rafael Aguiar, secretário da JPA(telefoto)
Excelências, eu sou Rafael Daniel Aguiar, licenciado em sociologia, professor na escola do ensino secundário 14 de Abril, situada na cidade do Kilamba (efectivo) e Assistente estagiário na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto (colaborador). Sou mestrando em Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Agostinho Neto. Estou aqui, no âmbito do CNJ e na qualidade de líder juvenil, representando Juventude Patriótica de Angola, braço juvenil da CASA-CE cujo líder é o Dr. Abel Chivukuvuku.
Agradeço, em nome da Juventude Patriótica de Angola, o CNJ pela oportunidade de dialogarmos com Vossa excelências e, sobretudo, por dispensar o vosso precioso tempo para ouvir as preocupações dos jovens angolanos.
Excelências, os jovens que se encontram na faixa etária entre os 15 e 35 anos são a maioria da população angolana. Na sua maioria vivem nas áreas urbanas, mas também muitos estão nas áreas rurais. Do ponto de vista sociológico, os jovens são a força mais activa, criativa, engenhosa, empreendedora de toda população angolana. Todavia, estes jovens são também os mais pobres, excluídos, descriminados e sacrificados desde a independência de Angola. 
Do ponto de vista político, a juventude é a população maioritária da massa militante de Formações político-partidárias, das organizações juvenis cívicas, estudantis, lúdicas, culturais, das famílias, etc. Estes jovens têm enormes expectativas, sonhos, projectos, ideais que são muitas vezes expressos em formas de manifestações de rua, dança, música, orações, vigílias, intervenções públicas em órgãos de comunicação social e  nas redes sociais. Pois, estes jovens representam o factor e a esperança de mudanças qualitativas em Angola.
Excelências, consideramos que os direitos destes jovens têm sido violados pelo Estado angolano; as expectativas, a criatividade, os sonhos destes jovens têm sido travados e a exteriorização da alma juvenil angolana tem sido impedida de forma violenta, permanente e sistemática;
Consideramos fundamental, não temer-se, e sim estimular-se, a exteriorização da alma juvenil angolana e das manifestações. Estes actos não representam intenção de criar caos na sociedade angolana. Representam a natureza juvenil de qualquer sociedade pois, serve de “escape para tirar o fumo social que intoxica a vida dos jovens”. Devemos apenas cuidar que se realizam no quadro da lei, de forma pacífica e ordeira. Nós garantimos agir com base na lei e de forma pacífica e exortamos as forças da ordem pública superiormente orientadas pela vossa excelência a garantirem a realização da acção juvenil de forma serena e pacífica.
Pormenor da sala no palácio presidencial
Neste âmbito, solicitamos, encarecidamente, a intervenção pessoal de Vossa Excelências, para acabarmos com a intolerância política que vitima física, profissional e moralmente muitos jovens angolanos; para minimizarmos, o máximo possível, a violência social, de formas a evitarmos que se torne costume;  para que os jovens Cassule, Camulingue e outros desaparecidos não sejam torturados e que regressem, o mais rápido quanto possível, no seio das suas respectivas famílias.
Excelências, os dirigentes juvenis, os jovens recomendam que informemos que não sejam tratados, apenas, como a força e energia física para defender a pátria, e reconstruir física e moralmente o país. Eles auguram serem recompensados das missões sociais relevantes que realizam em nome da pátria, quer dentro, como fora das fronteiras de Angola. Gostariam, os jovens, de acreditar de que não voltará a ocorrer que, os que combatem e se sacrificam são uns e os que usufruem o resultado do sacrifício e luta são outros!
Excelências, os jovens lamentam e não compreendem porque volvidos quase 38 anos de independência, ainda não aprovamos uma política juvenil de Estado. Por isso, interrogam-se:
a)    qual é a dificuldade que o executivo encontra em aprovar os vários ante--projectos da política juvenil do Estado, submetidos ao Conselho de Ministros?
b)    a ausência de uma política juvenil do Estado demonstra que a juventude e os seus graves problemas não constituem prioridade para o executivo no poder em Angola?
 Excelências, os principais problemas que a juventude rural, urbana, estudantil, militar, deficiente física, etc enfrenta são os seguintes: desemprego, baixo salário, dificuldades de acesso à formação académica e profissional qualitativa, falta de habitação e acesso difícil habitação existente, falta de acesso à assistência médica e medicamentosa suficiente e de qualidade, prostituição, alcoolismo, o consumo de drogas e estupefacientes, delinquência juvenil, pobreza, fome, perseguição política, raptos, exclusão e descriminação socio-política, tortura e, em alguns casos, morte.
À estas macas, junta-se a falta ou fraca participação da maioria dos jovens na vida política nacional. Por conseguinte, o nível de vida da maioria dos jovens angolanos, quer nas áreas urbanas como rurais, é precário. Pois, a maioria não tem acesso à água potável, energia eléctrica, formação académica e profissional de qualidade, bolsas de estudo internas, crédito bancário, adubos e sementes, etc.
Excelências, senhoras e senhores, a maioria dos jovens consideram que, em relação ao emprego os jovens angolanos estão a ficar atrás dos chineses e portugueses. Muitos começam a interrogar-se, se estamos em Angola ou em Portugal ou ainda na China. Urge, sua excelência, revertermos o problema do desemprego, porque é a chave para cada jovem resolver, ele mesmo, os outros problemas que enfrenta.
Excelências, os jovens não se consideram frustrados e sim lúcidos e com competências do ponto de vista académico, cientifico, profissional, cultural para contribuir no desenvolvimento sustentável de Angola. Solicitam a valorização dos recursos humanos, através da formação contínua, da remuneração condigna e do provimento de condições laborais e sociais compatíveis. Se isso ocorrer, os jovens garantem contribuir qualitativamente no desenvolvimento do país.
Excelências, o sistema de ensino angolano que já teve momentos áureos, agora inventaram uma reforma escolar e institucionalizaram a monodocência, que na verdade, estimula com, veemência, a má qualidade de Ensino. Solicitamos que use do poder revestido para se pôr cobro a monodocência e outras estratégias da actual reforma educativa que prejudicam gravemente a qualidade de ensino.
Em relação ao acesso à habitação social com serviços básicos de água e luz, já não nos preocupa apenas a escacês de habitação. Começa a preocupar-nos a incapacidade gritante de se distribuírem casas aos pacatos cidadãos, que com muito sacrifício, conseguiram pagar o valor financeiro requerido para o efeito. Do ponto de vista da juventude, isto configura não apenas incompetência e injustiça, mas também falta de amor ao próximo e de patriotismo.
Excelências, a juventude constatou que Angola não conta com política desportiva séria e sistemática. Por exemplo, os campos desportivos nos bairros estão a ser substituídos pelos supermercados cujos os produtos que mais vendem são as bebidas alcoólicas, que alimentam as maratonas nocturnas, que alienam a juventude. Com efeito, o Futebol angolano não se impõe no mundo; o Basquetebol está em queda livre, e o mesmo poderá ocorrer com o Andebol, se a situação permanecer.
A juventude augura que o Desporto em Angola seja uma escola e uma indústria ao serviço da unidade nacional, da educação e instrução da juventude, da recreação responsável e moralmente defensável; da ocupação profissional da juventude; da produção cultural, material e financeira; da promoção da imagem de Angola e da auto estima dos angolanos e angolanas.
Excelências, aos jovens, inclusive do Partido no poder, consideram que a imposição do dia 14 de Abril, que é o dia da Juventude do MPLA, como o dia de toda juventude angolana é inaceitável. Porque viola o direito de igualdade entre os Partidos Políticos e seus  militantes e periga a reconciliação nacional e estabilidade social.
Não está em causa a personalidade de Hoje-A-Yenda, que em vida não aceitaria ser simultaneamente Patrono da Juventude do MPLA e de todos jovens de Angola. Sentimos que Vossa Excelência partilha, do nosso sentimento segundo o qual, a insistência em manter Hoje-Yenda como símbolo máximo da JMPLA e de todos jovens angolanos desgasta a imagem deste nacionalista, pois, expõem-lhe numa situação de contestação permanente.
Excelências, solicitamos que oriente o Ministério da Juventude e Desportos para dar mais voz e espaço ao CNJ, para entre outras missões, criar uma comissão de trabalho para analisar e propor uma data consensual da juventude angolana.
Excelências, solicitamos que se adopte, efectivamente, políticas, mecanismos e práticas sociais que estimulem a participação acticva da juventude na gestação, discussão, aprovação e execução de políticas direccionadas para juventude. Nesta conformidade, permita-nos lamentar o facto de os jovens de Angola, independentemente da sua cor partidária, não se fazerem representar no Conselho da República. Pois, o jovem presente, neste fórum, é mais uma vez o representante da JMPLA. Será que os jovens que não militam na JMPLA não significam demográfica, política e sociologicamente nada?
Excelências, aceite os nossos votos de boa saúde e êxitos nas actividades profissionais; os nossos agradecimentos pela oportunidade que nos foi concedida e pela atenção dispensada para ouvir as preocupações da juventude. Permita-nos augurar que, finalmente, a juventude tenha iniciado um diálogo profícuo, contínuo e frutífero com o Presidente da República de Angola, para a resolução dos problemas juvenis.
Que DEUS abençoe Angola e todos os Angolanos!
O SECRETARIADO EXECUTIVO NACIONAL DA JPA, LUANDA, AOS 21 DE JUNHO de 2013
O SECRETÁRIO NACIONAL
Rafael Aguiar

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