14/05/13

MUDANÇA EM ANGOLA É "INEVITÁVEL", DIZ CHIVUKUVUKU


Abel Chivukuvuku em Portugal(arquivo)
Abel Chivukuvuku, líder da CASA-CE, a terceira força política angolana, defendeu que a "mudança em Angola é inevitável" devido "ao problema da pobreza e da má governação" e apontou 2017 como o prazo desejável para essa transformação.

Em entrevista à Lusa após uma semana de contactos em Lisboa, Chivukuvuku disse que "Angola é um país que precisa de reformas" mas o atual regime "não tem nem vocação nem visão para as fazer".
"A mudança em Angola é inevitável tendo em consideração o problema da pobreza, a má qualidade da governação, a corrupção, os desvios, o enriquecimento ilícito", apontou.

Neste momento, o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, "já não está à altura de fazer as reformas que o país precisa porque não tem convicções para tal", considerou.

Para o líder da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), uma força política que surgiu há um ano e foi a terceira mais votada nas eleições de agosto de 2012, as mudanças têm de ser feitas num prazo mínimo de cinco anos e máximo de dez anos.

"Quanto mais depressa melhor, por isso digo 2017, para que então o país tome um rumo diferente", respondeu, questionado sobre o tempo necessário para a mudança.

Chivukuvuku, que pôs fim a uma militância de 38 anos na UNITA (principal força da oposição) para formar a CASA-CE, referiu-se a Angola como "um país com uma democracia incipiente, ainda em formação. Infelizmente o processo democrático estagnou".

"Hoje temos uma democracia de fachada. Temos um Estado de direito legal, mas não funcional, temos um regime político autoritário e caracterizado pelo poder pessoal do Presidente da República. Temos uma economia em crescimento, mas uma economia de enclave porque é fundamentalmente dinamizada pelo setor petrolífero", indicou.

O dirigente político afirmou ainda que existe em Angola "uma estrutura social de alto risco com a maioria da população muito pobre e desigualdades tremendas com um grupo que em 10 anos enriqueceu exponencialmente e de forma ilícita".

A remodelação governamental feita esta semana em Angola, que envolveu dois ministros, incluindo o das Finanças, "não tem relevância nenhuma para a situação do país", no entender de Chivukuvuku.
"Isso são só acertos no seio da família, sai o cunhado e entra o sobrinho", criticou.

Sobre a sua visita a Lisboa, o líder da CASA-CE disse que se destinou a "partilhar" a sua visão sobre a situação em Angola e as perspetivas de evolução a médio prazo e a "contribuir para uma melhoria das relações entre Angola e Portugal".

"Neste momento considero as relações funcionais, mas imaturas e inseguras e é preciso evoluir para um quadro de relações sólidas e com previsibilidade", avaliou.

Ao longo da semana, Chivukuvuku manteve contactos com a comunidade angolana, com os principais partidos políticos (exceto o PCP), com "círculos empresariais" e com as "autoridades governamentais".

Questionado sobre estes últimos, respondeu: "Não nos cabe a nós dizer com quem estivemos, isso cabe ao Governo português, mas estamos satisfeitos porque estivemos aos mais altos níveis".

A delegação da CASA-CE segue hoje para França, depois visita o Reino Unido e por fim os Estados Unidos. O objetivo é o mesmo da visita a Lisboa - explicar a situação política em Angola e esclarecer o papel da nova formação política no futuro do país.

Fonte: Lusa 11 Mai 2013

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